sexta-feira, outubro 24, 2008

PACTOS DE SILÊNCIO

Recebi por e-mail este texto, alegadamente do jornalista Mário Crespo e não resisti a publicá-lo neste espaço.

No Outono de 1989 conduzi na RTP os debates entre os candidatos a Lisboa. O grande confronto foi PS/PSD. Duas candidaturas notáveis. Jorge Sampaio, secretário-geral, elevou a política autárquica em Portugal a um nível de importância sem precedentes ao declarar-se candidato quando os socialistas viviam um dos seus cíclicos períodos de lutas intestinas. O PSD escolheu Marcelo Rebelo de Sousa. No debate da RTP confrontei-os com a fotocópia de documentos dos arquivos do executivo camarário do CDS de Nuno Abecassis. Um era o acordo entre os promotores de um enorme complexo habitacional na zona da Quinta do Lambert e a Câmara. Estipulava que a Câmara receberia como contrapartida pela cedência dos terrenos um dos prédios com os apartamentos completamente equipados. Era um edifício muito grande, seguramente vinte ou trinta apartamentos, numa zona que aos preços do mercado era (e é) valiosíssima. Outro documento tinha o rol das pessoas a quem a Câmara tinha entregue os apartamentos. Havia advogados, arquitectos, engenheiros, médicos, muitos políticos e jornalistas. Aqui aparecia o nome de personagem proeminente na altura que era chefe de redacção na RTP. A lista discriminava os montantes irrisórios que pagavam pelo arrendamento dos apartamentos topo de gama na Quinta do Lambert. Confrontados com esta prova de ilicitude, os candidatos às autárquicas de 1989 prometeram, todos, pôr fim ao abuso. O desaparecido semanário Tal e Qual foi o único órgão de comunicação que deu seguimento à notícia. Identificou moradores, fotografou o prédio e referiu outras situações de cedência questionável de património camarário a indivíduos que não configuravam nenhum perfil de carência especial. E durante vinte anos não houve consequência desta denúncia pública. O facto de haver jornalistas entre os beneficiários destas dádivas do poder político explica muito do apagamento da notícia nos órgãos de comunicação social, muitos deles na altura colonizados por pessoas cuja primeira credencial era um cartão de filiação partidária. Assim, o bodo aos ricos continuou pelas câmaras de Jorge Sampaio e de João Soares e, pelo que sabemos agora, pelas câmaras de outras forças partidárias. Quem tem estas casas gratuitas (é isso que elas são) é gente poderosa. Há assessores dispersos por várias forças políticas e a vários níveis do Estado, capazes de com uma palavra no momento certo construir ou destruir carreiras. Há jornalistas que com palavras adequadas favoreceram ou omitiram situações de gravidade porque isso era (é) parte da renda cobrada nos apartamentos da Quinta do Lambert e noutros lados. O silêncio foi quebrado agora que os media se multiplicaram e não é possível esconder por mais vinte anos a infâmia das sinecuras. Os prejuízos directos de décadas de venalidade política atingem muitos milhões. Não se pode aceitar que esta comunidade de pedintes influentes se continue a acoitar no argumento de que habita as fracções de património público "legalmente". Em essência nada distingue os extorsionistas profissionais dos bairros sociais das Quintas da Fonte dos oportunistas políticos que de suplicância em suplicância chegaram às Quintas do Lambert. São a mesma gente. Só moram em quintas diferentes. Por esse país fora.

quinta-feira, outubro 09, 2008

HASTA SIEMPRE!


Hasta Siempre (Nathalie Cardone)

Quarenta e um anos passados, a merecida homenagem. Agora, mais do que nunca, Hasta Siempre Comandante!

sábado, outubro 04, 2008

A CRISE DO SUBPRIME

Entenda a Crise do Subprime....
Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é, ou gerou a crise americana, segue breve relato económico de um anónimo inteligente que o colocou na Internet:

"O Ti Jaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha. A diferença é o 'sobre-preço' que os pinguços pagam pelo crédito.
O gerente do banco do Ti Jaquim, um ousado administrador formado em curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos (que recebem chorudíssimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saiem daquelas cabacinhas, sim cabacinhas), mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Jaquim). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas e a tasca do Ti Jaquim vai à falência. E toda a cadeia vai para a p... que a pariu....

Viu? É muito simples!"
Recebido por email. Editado pelo autor do blog.

quinta-feira, outubro 02, 2008

NOVOS MODELOS

Deplorável, aquele programa da SIC "Momento da Verdade" cujos concorrentes mais não são do que "almas prostituídas" que se sujeitam ao confronto com uma máquina que avalia a veracidade das suas respostas (polígrafo). Tudo por dinheiro! Aliás o lema do programa é: "a verdade compensa" ou coisa assim parecida. Fica-se a saber se fulano quer ir para a cama com a sogra, ou se o outro nem se importava de apanhar no traseiro, entre várias repugnâncias. Mas é tudo por uma boa causa: o dinheiro!
Por este andar, qualquer dia sai a pergunta: "gostaria de ir para a cama com a apresentadora deste programa"? Cruzes, credo, abrenúncio! Afasta-te Satanás, dirá o concorrente. Mas se o polígrafo disser que é mentira, então a apresentadora terá um orgasmo em público.
Isento de valores e de princípios, este programa ofende. Estaremos perante um novo modelo de prostituição?